quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Marseille, by Lu

Então... sabem aquelas gurias que foram para Chamonix? Elas não sossegam e resolveram ir conhecer Marseille. Bom, todo mundo sabe que aquelas gurias somos eu e a Su, né? Pois eu e a Su resolvemos aproveitar uma promoção de passagens de trem e, para cada uma, a viagem foi 38 euros, ida e volta, quando o preço normal é por volta de 90 euros. A nova aventura aconteceu no fim de semana de 28 e 29 de janeiro. Primeiro que ficamos muito contentes com a viagem de trem, que foi direta e rápida. Nada de trens que se separam no meio do caminho... Ufa! A chegada em Marseille foi tranquila e em menos de duas horas (são 277 km entre Lyon e Marseille) chegamos ao destino. Fomos direto para o hotel deixar a mala, e já pudemos fazer o check-in (era umas 10 da manhã). Tudo bem certinho. E saímos para passear pela cidade, que é linda!
Fomos direto para o centro, onde tem um belo ancoradouro e de onde saem muitos passeios turísticos, seja de barco ou de mini-trem. Apesar estar uma manhã nublada, já deu para perceber que o mar por lá é muito bonito. Pena que estava um pouco frio demais, mas pelo menos o invernão ainda não tinha começado. O almoço foi ótimo, num lugar super legal. Era o restaurante "oficial" do OM (Olympique de Marseille). Vejam o almocinho:


Como não tínhamos planejado muito a viagem, fomos ver o que podíamos fazer. Fizemos um passeio de mini-trem (dica de um amigo), que vai até a Notre Dame de la Garde, igreja linda de viver que fica no alto de um morro. Acho que foi a igreja mais diferente que já vimos na vida. Essa Notre Dame é uma igreja temática e seu tema é o mar. Dentro da igreja há pinturas de barcos e navios, quadros de nós de marinheiro e a coisa mais diferente que tem lá são móbiles enormes de barcos e aviões. A altura da igreja é impressionante e a Nossa Senhora fica beeeeem no alto, douradíssima! Claro que a abobada aqui ficou tonta de ficar olhando pra cima.








Conseguem ver os móbiles aí em cima?




















Uma coisa que algumas pessoas tinham comentado de Marseille, incluindo a professora de francês, era que essa cidade é muito perigosa, que era para se ter cuidado ao andar na rua, cuidar da bolsa, não usar joias e não entregar que era turista. E, principalmente, evitar de ir para o Centro à noite. Realmente, ao final da tarde, quando foi escurecendo, era possível perceber que o número de pessoas circulando pelas ruas foi diminuindo bastante. Aí, fomos ao hotel deixar as mochilas e tínhamos na cabeça a ideia de sair pra jantar. Eu tinha pegado um jornalzinho no Office du Tourisme com a programação da semana e fui ver se encontrava alguma dica. Eis que encontro na agenda do jornal:

"Anna Bosco trio. Chansons italienne et française. Repas italienne. 20:30. 15 euros. Le Tabou.

PERFEITO, não é mesmo? Entretanto, tinha um pequeno detalhe: não tinha endereço nem telefone do lugar. Então, quando descemos, perguntamos para a moça da recepção se ela sabia onde era esse lugar. Ela nunca tinha ouvido falar, mas foi muito gentil e começou a procurar na Internet (que não tínhamos no quarto porque não quisemos pagar). Primeiro ela achou o nome da rua, mas não tinha o número. Era no Centro. Depois de mais procura, ela achou um número de celular. Ela ligou e ninguém atendeu. Aí, ela ficou um pouco nervosa, pois achou que não devíamos ir, por ser no Centro e não ter conseguido falar com alguém para confirmar o local ou mesmo fazer uma reserva. Ela até nos indicou um restaurante que ficava a 5 minutos a pé do hotel. Mas... ficamos com vontade de ir no Le Tabou.

E aí começa a nossa aventura em Marseille. Pegamos o metrô e nos tocamos para o Centro. Já era umas 20:30 quando pegamos o metrô (demoramos pra sair, em função da procura do endereço). Chegamos no Centro e começamos a caminhar. Até que não tivemos dificuldade para achar a rua, mas tínhamos que caminhar por ela procurando o lugar pelo nome, dado que não sabíamos o número. Fomos "entrando" cada vez mais no Centro... Era praticamente só a gente na rua, mas até tinha um ou outro restaurante por lá. ACHAMOS o lugar! Nisso já era 20:50. O lugar (tipo um restaurante) era super pequeno e podíamos enxergar dentro, pois a frente era toda de vidro. Quando olhamos para dentro foi possível ver que o lugar estava arranjado como um teatro, com todas as cadeiras voltadas para um palco, onde exatamente naquele momento estava entrando a cantora. Pensamos: e agora? Entramos? Vamos embora? O lugar estava LOTADO! Nisso, aparece um senhor (Monsieur1) na porta e temos o seguinte diálogo:

Monsieur1: Querem entrar? 
Nós: Mas, tem lugar?
Monsieur1: A gente dá um jeito. Coloca mais umas cadeiras.
Nós: Então tá!

Mas era impossível dar um jeito de colocar mais cadeiras. Não tinha espaço. Ok, podemos ficar em pé, e decidimos ficar. Mas, quando entramos, tinha um outro senhor (Monsieur2) atrás do balcão do bar que começa o segundo diálogo da noite. Diálogo bizarro porque tinha que ser aos sussurros, dado que a cantora tinha começado o show:

Monsieur2: Quais seus nomes? (Ele tem uma lista com nomes na mão)
Nós: Ahhh, nós não temos reserva.
Monsieur2: Não?
Nós: Não.
Monsieur2: E como vocês sabiam desse show, então?
Nós: Viemos porque vimos no jornal.
Monsieur2: No jornal? Como assim? Que jornal?
Nós: Esse. (Eu mostro o jornal pra ele)
Monsieur2: Nem sabia que isso tinha saído no jornal.

Nesse momento, ele fica olhando a tal lista de nomes e um dos senhores que  estava assistindo ao show levanta, vem até o balcão e diz:

Monsieur3: Elas podem ficar, pois duas amigas minhas não vêm. Pode riscar da lista o nome da fulana e da ciclana.
Monsieur2: Ok, então. São 15 euros para cada uma.

Mas, sentimos que ficou uma situação estranha... Bom, pagamos o nosso jantar e ficamos assistindo ao show, por sinal MUITO bom! A cantora era mesmo italiana e a pianista era uma jovem grega que tocava maravilhosamente bem (vejam as fotinhos). Aí, enquanto estamos assistindo ao show, a Su vê um papel que estava em cima do balcão e me mostra. Era uma ficha de inscrição e no cabeçalho constava: "Café-Concert Associatif". UAU! Aquele lugar, na verdade, era uma associação cultural. Ou seja, aquele era um evento para sócios. Não foi a toa que o Monsieur2 achou muito estranho a gente chegar do nada para "participar" do evento... Éramos "as" penetras" no evento! Enquanto isso, o Monsieur1 ficou conversando (cochichando, na verdade) com a Su e contando pra ela que ama o Brasil e a música brasileira, principalmente o João Gilberto. E, nos convidou para voltar no outro sábado, pois ele que iria cantar.


Na foto acima dá para ter uma ideia da nossa visão do show.







Ao lado dá pra ver que conseguimos sentar de frente para o palco. Isso foi durante a última música e só sentamos porque duas pessoas saíram para fumar.













O senhor dessa foto ao lado é o Monsieur2. No meio da apresentação ele foi para os fundos do café e voltou todo arrumado!








E se você pensa que a história se estanca por aqui, está enganado! A história continua... Confesso que durante o show e com a barriga começando a roncar, fiquei tentando imaginar como/onde seria o jantar, pois não havia mesas e as cadeiras estavam quase que uma em cima da outra. Então, para nossa surpresa, quando o show termina, o Monsieur2 pede para todas as pessoas saírem do recinto, pois eles precisavam rearranjar o local. Minha nossa! Todo mundo começa a sair, algumas pessoas levam as cadeiras para fora e outras começam a colocar as mesas (ahhhhh, existiam mesas), que estavam lá fora, para dentro. Eu e a Su vamos para fora e começamos a rir: "onde a gente foi se meter?". Na verdade, todo mundo se conhecia e ficamos no meio do que parecia uma grande família. Uma família de italianos, na verdade! Pois era uma confusão, todos envolvidos em arrumar o lugar para o jantar. Um dos nossos "novos" amigos se ofereceu para tirar uma foto da gente, como vocês podem ver:






E, quando tudo foi finalmente ajeitado, entramos e vemos que há três grandes mesas montadas. Ou seja, tivemos que sentar com um dos grupos que se formou em uma das mesas. O jantar foi muito divertido. Claro que em um dado momento, um Monsieur me perguntou de onde éramos e quando dissemos que éramos do Brasil, a conversa começou e só terminou no hotel. Sim, terminou no hotel porque quando dissemos que estávamos de metrô, um dos casais nos ofereceu carona e nos "proibiu" de voltar de metrô. A turma desse jantar era realmente muito especial. Durante o jantar, tivemos três brindes: para a sócia que fez a massa a bolognesa, para quem preparou as entradas e à sócia que fez o tiramisu. Fantástico! E, por ser uma associação cultural, durante o jantar tivemos cantoria e poesia francesas, cantadas e recitadas pelos próprios sócios. Foi uma noite inesquecível...

No domingo, fizemos um super passeio de barco. Lá em Marseille fica a ilha onde está o Château d'If, que é uma antiga prisão, onde O Conde de Monte Cristo foi encarcerado, no romance de Alexandre Dumas. Infelizmente, em função de grandes ondas, não foi possível para o barco chegar nessa ilha, mas fomos para o arquipélago de Frioul. Passeio maravilhoso e imperdível para quem for para Marseille. Vejam algumas fotinhos desse lindo lugar:





Praia "bem confortável" de deitar...

 

































E, depois de vermos o finzinho da partida de tênis entre Djokovic e Nadal (final do Australian Open, com 5h53min de duração) corremos desesperadas para a estação de trem para voltar para Lyon. Ufa!

Ôpa, quase esqueço de apresentar o "amiguinho" que a Su fez quando fomos tomar um café na tarde de sábado: